terça-feira, 15 de maio de 2012

Porta que se abre

Fundada em 2008, organização baseada no voluntariado acolhe e atende gratuitamente quem procura ajuda nas buscas. O melhor: já conseguiu solucionar mais de 50% dos casos registrados


Foto: Tom Correia
A sala 509 do Edifício Adolfo Basbaum, localizado no centro da cidade, próximo ao Mosteiro de São Bento, possui grande movimentação às quartas-feiras. Quem se concentra na Praça da Piedade para tentar participar do Quadro exibido pela TV Bahia, é informado sobre a existência do Interbusca Desaparecidos, e se dirigem para o local na expectativa de aumentar as chances de reencontro. Nas dependências do prédio, o que se vê são vários agentes masculinos e femininos, com uniformes pretos, anotando a ocorrência e perguntando detalhes que podem ser fundamentais para elucidação do caso. Paulo Reis, 37, (foto) é funcionário da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur), atuou como mediador no Balcão de Justiça durante 10 anos e sua prática atendendo às pessoas, despertou aos poucos o interesse pelos desaparecidos. Reis é fundador e presidente da organização, registrada no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente (CMDCA), e que desde 2009 já localizou 32 pessoas do total de 57 registros. “Nosso trabalho nasceu porque vimos que se tratava de uma necessidade muito grande que não vinha sendo atendida pelos órgãos que deveriam tratar do assunto”, afirma. 

Mantida por doações de pessoas comprometidas com a causa, o Interbusca já pleiteia recursos ao Fundo do CMDCA e apresentou proposta de parceria com o Ministério Público do Estado. A ideia é ampliar o serviço prestado à população, que às vezes não possui dinheiro nem mesmo para a condução. Entretanto, segundo o presidente, toda a iniciativa de atuar em prol dos desaparecidos não parece estar sendo bem vista pelo poder público. Um agente chegou à 12ª Delegacia com um ofício solicitando a localização da pessoa e em vez de o policial verificar quem estava sendo procurado, resolveu investigar se o agente tinha passagem pela unidade. “O policial questionou se estávamos colocando à prova o trabalho da polícia. Na verdade queremos somar, mas constatamos que nossos resultados estão começando a incomodar”, ressalta Reis. De segunda a sexta, das 9 às 17h, 62 agentes voluntários se revezam em turnos semanais de oito horas. 

O presidente do Interbusca credita a solução dos casos à orientação que os agentes recebem, a de permanecerem sempre atentos mesmo fora dos plantões. Foi assim que Hildemária Ataíde, 34, foi encontrada perambulando pelo bairro de Cosme de Farias por um agente que voltava da musculação. Hildemária sofre de esquizofrenia e só foi reconhecida por um detalhe anatômico que pode ser visto na foto deixada no Interbusca pela família: um defeito num dos dedos do pé. Moradora do Doron, dona Ana Clara Ataíde, tia de Hildemária, afirma ter recebido da instituição apoio para conseguir internar a filha no Hospital Juliano Moreira. “Fui muito bem atendida, eles são muito atenciosos. Tivemos muita sorte porque oito dias depois de registrar a ocorrência, eles localizaram minha sobrinha. Agora temos mais cuidado para que ela não desapareça novamente”, relata.


Informações: 
Interbusca Desaparecidos
Av. Sete de Setembro, 202 - Ed. Basbaum, sala 509
71 3487-3332

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